Viagem e Chegada
Airbnb

Da série de postagens com conteúdo semi-aleatório, divagantes.
Acho divertido como, conforme vai passando o tempo, a gente tende a ir criando expressões e termos, em conversas com amigos, que só fazem sentido por conta dos contextos em que os termos surgiram. Hoje, o termo que trago é "meticuloso", que não tem nada a ver com o sentido do dicionário.
![]() |
Aqui, tava tentando aprender técnica de fazer gotinhas |
Esse blog é a minha miscelânia pessoal caótica da vida, do universo e de tudo o mais. Então bora falar dessa forma de pintura que te faz aceitar que controle é uma ilusão, e que aprender a trabalhar a falta de controle sobre as coisas pode ser uma arte XD.
Aquarela é essa forma de pintura que envolve tintas à base d'água e, obviamente, água. Você consegue diferentes efeitos, dependendo da proporção de água e tinta que você usa, além das diferentes técnicas (e o que não faltam são tutoriais no youtube).
Sempre tive um pouco de birra com seguir à risca técnicas pros meus hobbies. Acho, na verdade, que isso tem mais a ver com eu ter dificuldade de prestar atenção e lembrar dos detalhes do que qualquer outra coisa. A aquarela me ajudou um pouco a lutar contra essa birra, já que ela não é uma forma de pintura muito intuitiva (pelo menos não pra mim). Outro
aspecto que me faz amar
Ano passado foi o meu ano das aquarelas. Estava morando em Teixeira de Freitas, e passando por umas fases meio conturbadas, emocionalmente. Gostava de pintar aquarelas coloridas e pendurar na
Esse ano, morando em Porto Alegre, não tenho onde pendurar minhas aquarelas, e isso acaba me desmotivando um pouco de pintar. Maaas, quero tentar voltar a pintar, pelo menos um pouquinho. Então, vou deixar registrado aqui as minhas principais aquarelas.
![]() |
Adorava assistir o pôr-do-sol do quintal da minha casa... tentei criar uma recordação disso |
![]() |
Aquele clichêzinho básico... mas acho que todo mundo que viver o suficiente vai ter o seu... |
![]() |
Decorações natalinas |
![]() |
Minha personagem de D&D, druida (obviamente). Atualmente ela tem uma simbiose com uma entidade que é um fungo senciente. |
![]() |
Fiz essa esse ano, de aniversário pra Rô. Consegui entender a dificuldades que as IA's tem em desenhar mãos... |
![]() |
Sobrinhos doguíneos |
Nostalgia... esse combinado de sensações que te carrega de volta pro passado (ou pra um futuro que você não viveu ainda, mas isso é outra história). Adoro essa coisa de guardarmos memórias em cheiros, músicas, gostos, e mais um monte de outras sensações que a gente às vezes nem sabe descrever. Eu sinto que memórias, especialmente memórias significativas, têm uma espécie de "impressão digital" de sensações que descrevem elas. Pra mim, a nostalgia, no caso dessas memórias, é como "vestir" esse conjunto de sensações.
Eu costumava caminhar à noite no condomínio em que morava, em Teixeira de Freitas. Lembro que, frequentemente, a sensação do ar da noite, a sensação de olhar as estrelas, os cheiros do ambiente, e mais uma série de pequenas coisas, me jogavam pra dentro de memórias de infância, em Taquara. É aquela sensação gostosa e triste. Triste pois envolve uma realidade (incluindo pessoas) que agora só existem na nossa memória. Ao mesmo tempo, acessar essas realidades via memórias é muito melhor do que não poder acessar de jeito nenhum (quando as memórias são boas, claro). Por falar em Teixeira, saudades da casa que eu morava lá, das minhas gatinhas e de morar perto do Pepe, um dos meus melhores amigos. Porto Alegre me dá claustrofobia. Maaas, todos os lugares têm seus problemas e suas qualidades. Daqui a uns meses vou pra Marseille, na França, reclamar da cidade enquanto como baguette XD.
Voltando pro assunto principal, as músicas são uma maneira extremamente eficiente de guardar memórias. Engraçado que tem algumas músicas que parece que nos acompanham a vida toda, ou por muito tempo. Uma dessas músicas, pra mim, que guarda muitas memórias, de épocas diferentes, é "Losing my Religion", do R.E.M. Eu ouvi essa música pela primeira vez (até onde eu lembro) quando tinha 11 anos, na praia. Tínhamos ido eu e minhas irmãs, minha tia (da mesma idade), minha prima, e meus avós. Lembro que os vizinhos ficavam ouvindo essa música bem alto, e eu as gurias ficávamos tentando cantar junto. Lembro que a gente cantava, de zoação "a torta era grande e leve, a torta era grande sim", na parte "I thought that I heard you laughing, I thought that I heard you sing"...aiai. A melancolia dessa música sempre me atraiu. Quando comecei a tentar aprender a tocar violão, foi uma das principais que quis aprender. Já me identifiquei com ela em situações diferentes, por razões diferentes. Quando estava passeando pelo centro de Roma, tinha um cara tocando essa música, o que me fez associar essa música a essa memória também. E claro, depois disso voltei a fazer outras associações. Adoro essa música.
Falando em músicas e memórias, nos meus últimos meses em Teixeira, aumentei a regularidade das minhas caminhadas à noite e, frequentemente, ouvia músicas ou podcasts enquanto caminhava. Uma das músicas que eu associei fortemente a essa época foi a "Jericho", da Iniko. Acho maravilhoso os efeitos sonoros todos dessa música, e algumas partes da letra me lembravam um pouco as ideias de "imaginário coletivo" e "inconsciente coletivo" (com uma interpretação bastante poética, digamos assim), que era um assunto recorrente com o Pepe, e em vídeos do Jordan Peterson que às vezes eu assistia/ouvia. Parte da minha inspiração pra primeira poesia que fiz esse ano veio dessas coisas.
Não sei se esse jogo existe de verdade, mas se existe, certeza que isso configura algum tipo de fetiche ("do criador do jogo ou do jogador?" sim). Por alguma razão eu não consigo parar de rir disso. Vontade de perguntar pro criador do jogo "Quem machucou esse teu coraçãozinho?" XD. Parece aqueles dias que você tá com pressa, mas o mundo decide que o que você precisa mesmo é desenvolver paciência.
Esse é oficialmente o meu ano de poesias (mais um pouco e esse blog vira um blog só de poesias XD). Então, esse ano fiz uma poesia de dia das mães para minha mãezinha amada, que está em terras distantes cumprindo seus "deveres" de avó.
Minha mãe sempre fez poesias maravilhosas, profundas e melancólicas. Por causa disso, associei melancolia à profundidade e à beleza. Lembro que amava as poesias dela desde antes de entrar pra escola, mesmo sem entender direito sobre o que elas falavam. Lembro que o eu mais queria aprender, quando entrasse pra escola, era fazer poesias melancólicas. Lembro quando aprendi sobre poesias na primeira série, e tentei fazer uma poesia sobre tristeza. Fiz basicamente uma poesia alegrinha sobre tristeza (o que faz todo o sentido, porque eu era uma pessoa alegrinha). Poesias, pra mim, precisam se conectar com o que eu sinto. Se não, elas ficam com gosto de papelão.
Eu acho que (vergonhosamente) essa é a primeira poesia que fiz pra minha mãezinha amada. Ela foi minha primeira inspiração no universo das poesias, então deveria ter escrito mais poesias pra ela. Em minha defesa, eu não fiz tantas poesias assim ao longo da vida.
E eu ainda nem entendia
A profundidade que ali existia,
E de como as dores que você vivia
Viravam melodias, sinfonia.
E assim, sem nem compreender,
Tua arte já me marcava.
E tudo que eu queria aprender,
E que desde cedo me inspirava,
Era tua habilidade de escrever
E a magia que com ela você evocava.
Minha mãezinha querida,
Extremamente amorosa,
Sabia ser divertida,
E também muito carinhosa,
Embora frequentemente distraída =)
Muitas coisas em você me inspiraram
E desde cedo elas me marcaram.
Hoje entendo como elas me moldaram,
E o quanto elas significaram.
Tua poesia,
Teus mundos de fantasia
Que apesar da dor, traziam alegria,
E até mesmo filosofia.
Tua sinceridade,
Amor à busca pela verdade,
Tua imensa bondade.
Mesmo em meio à ansiedade.
E hoje quero apenas te dizer
Que você me ensinou a amar.
Não tenho como te agradecer,
Pelo apoio que sempre soube me dar.
Te amo!
They’ve been the sun
They’ve been the moon
They’ve sparkled with fun
And drowned in gloom
He was the moonlight,
And also the sunrise,
He brought back the sunlight
And became an uprising
He was the wind
And she was a tree
He got under her skin
And made her breathe
She was the death
And they both died
He was the breath
That brought back life
She was a medicine
She was a healer
She was like plasticine
He was the dealer
He was the doctor
And also a mentor
He was a protector
Creative inventor
He was a brother
They were the audience
She was a daughter
They were resilient
He was a fighter
They danced in the storm
He was the fire
That made her feel warm
He was the hunter
She was the beast
He was like thunder
They were the feast
He was a lion
One of a kind
A warrior of Zion
Reaching her mind
They love California
And they couldn't stop
They're filled with euphoria
When they hear the bass drop
They were the people
They were the band
Will they have a sequel
In another land?
Depois de muitos anos sem escrever poesias, finalmente consegui me desbloquear um pouco e escrever umas duas. A primeira, que já tinha começado a escrever há um tempo, consegui terminar depois de escrever o post anterior. Ela envolve aspectos específicos e particulares demais, e postar ela aqui seria uma exposição desnecessária, mesmo que a privacidade, hoje em dia, seja uma ilusão, e o número de leitores do meu blog tenda a zero fugiria um tanto do objetivo do blog.
A poesia que quero postar aqui, foi a segunda que escrevi. Superficialmente falando, a motivação veio de uma série de reflexões que tenho feito atualmente (alimentadas também por discussões de podcasts em psicologia e neurociência que já assisti). Estou em uma fase de muitas mudanças, que envolvem diferentes aspectos da vida (incluindo a possibilidade de fazer pós-doc na França por alguns meses). Essas reflexões foram reforçadas por conversas com pessoas próximas que também estão passando por esses turbilhões de mudanças, dessas que chegam sem avisar. Quando essas coisas acontecem, muitas vezes ficamos "sem chão". A sensação de ter que começar tudo de novo, quando você achava que estava com a vida resolvida, pode te desnortear. Essa poesia é uma tentativa de encarar esses processos de mudança, que envolvem muitos aspectos novos e desconhecidos, com um olhar otimista.
A permanência, nessa vida curtíssima que vivemos, é uma ilusão. Mas a lente que você usa para observar a paisagem, ao longo dessa jornada que é a vida, faz bastante diferença. Acho que a curiosidade é uma das melhores lentes que você pode usar em um conjunto absurdo de contextos: situações novas ou que envolvem conflitos, contato com opiniões diferentes, etc... basicamente coisas que envolvem o desconhecido, nem que ele esteja apenas na forma de encarar as coisas. Gosto de pensar nessa lente mais como um exercício voluntário, cujo esforço depende de quanta energia você tem disponível no momento, do que um talento ou uma obrigação.
Aproveito e deixo (no final do post) uma música que acho que tem tudo a ver com a poesia.
Quem sabe a motivação, que nasce do otimismo?
E que se inspira em meio a uma boa lembrança?
Ele se esconde atrás de experiências não vividas,
Te leva por caminhos sem mapas ou guias,
Te faz abandonar certezas perdidas,
Cantar e dançar com novas melodias.
E nessa busca por tentar enxergar,
Nessa necessidade que temos de prever,
Nesse medo que temos de falhar,
Nos confundimos e tendemos a esquecer...
Do presente que ele pode nos dar,
E da dádiva que ele tem a oferecer.
Um novo pôr-do-sol a aquarelar,
Uma nova aventura a tecer.
Ele é um velho amigo da Curiosidade.
Com eles você embarca em uma viagem.
Em meio a névoas e novidade,
Você aprende uma nova linguagem.
Eles te cobram apenas a passagem,
E o preço pode ser a ingenuidade.
Sem seguro contra dano da bagagem,
Você se vê à beira da insanidade.
A quem aprecia vulnerabilidade,
O melhor seria pagar com a coragem,
Que não te promete apenas tranquilidade,
Mas te permite apreciar a paisagem,
Como uma escolha, e não imaturidade.
Viver a vida de verdade,
Às vezes requer um passo de fé.
Mergulhar num oceano de possibilidade,
Mas sabendo observar a maré.
Não me refiro ao Cinismo,
Que entre o medo e o desdém,
Traz apenas pessismo,
Te fazendo de refém.
Por isso, ao longo dessa estrada,
Temos de escolher o que levar.
E ao chegarmos em uma encruzilhada,
Decidir com quem viajar.
O Cinismo, sempre pronto a se armar,
Que carrega a certeza de ser iludido?
Ou a Curiosidade, com a coragem de encarar,
Que traz junto a incerteza do Desconhecido?
E quando tiver que doer,
Quando o mundo desabar,
E o céu se escurecer,
E a chuva te molhar...
Se a tempestade te fizer sofrer,
Se você tiver que chorar,
E de tudo você quiser correr,
Procure sempre lembrar...
Depois da noite vem o amanhecer,
E com ele a chance de explorar,
O que o Desconhecido tem a oferecer,
Se ao lado da Curiosidade ele caminhar.