Nostalgia... esse combinado de sensações que te carrega de volta pro passado (ou pra um futuro que você não viveu ainda, mas isso é outra história). Adoro essa coisa de guardarmos memórias em cheiros, músicas, gostos, e mais um monte de outras sensações que a gente às vezes nem sabe descrever. Eu sinto que memórias, especialmente memórias significativas, têm uma espécie de "impressão digital" de sensações que descrevem elas. Pra mim, a nostalgia, no caso dessas memórias, é como "vestir" esse conjunto de sensações.
Eu costumava caminhar à noite no condomínio em que morava, em Teixeira de Freitas. Lembro que, frequentemente, a sensação do ar da noite, a sensação de olhar as estrelas, os cheiros do ambiente, e mais uma série de pequenas coisas, me jogavam pra dentro de memórias de infância, em Taquara. É aquela sensação gostosa e triste. Triste pois envolve uma realidade (incluindo pessoas) que agora só existem na nossa memória. Ao mesmo tempo, acessar essas realidades via memórias é muito melhor do que não poder acessar de jeito nenhum (quando as memórias são boas, claro). Por falar em Teixeira, saudades da casa que eu morava lá, das minhas gatinhas e de morar perto do Pepe, um dos meus melhores amigos. Porto Alegre me dá claustrofobia. Maaas, todos os lugares têm seus problemas e suas qualidades. Daqui a uns meses vou pra Marseille, na França, reclamar da cidade enquanto como baguette XD.
Voltando pro assunto principal, as músicas são uma maneira extremamente eficiente de guardar memórias. Engraçado que tem algumas músicas que parece que nos acompanham a vida toda, ou por muito tempo. Uma dessas músicas, pra mim, que guarda muitas memórias, de épocas diferentes, é "Losing my Religion", do R.E.M. Eu ouvi essa música pela primeira vez (até onde eu lembro) quando tinha 11 anos, na praia. Tínhamos ido eu e minhas irmãs, minha tia (da mesma idade), minha prima, e meus avós. Lembro que os vizinhos ficavam ouvindo essa música bem alto, e eu as gurias ficávamos tentando cantar junto. Lembro que a gente cantava, de zoação "a torta era grande e leve, a torta era grande sim", na parte "I thought that I heard you laughing, I thought that I heard you sing"...aiai. A melancolia dessa música sempre me atraiu. Quando comecei a tentar aprender a tocar violão, foi uma das principais que quis aprender. Já me identifiquei com ela em situações diferentes, por razões diferentes. Quando estava passeando pelo centro de Roma, tinha um cara tocando essa música, o que me fez associar essa música a essa memória também. E claro, depois disso voltei a fazer outras associações. Adoro essa música.
Falando em músicas e memórias, nos meus últimos meses em Teixeira, aumentei a regularidade das minhas caminhadas à noite e, frequentemente, ouvia músicas ou podcasts enquanto caminhava. Uma das músicas que eu associei fortemente a essa época foi a "Jericho", da Iniko. Acho maravilhoso os efeitos sonoros todos dessa música, e algumas partes da letra me lembravam um pouco as ideias de "imaginário coletivo" e "inconsciente coletivo" (com uma interpretação bastante poética, digamos assim), que era um assunto recorrente com o Pepe, e em vídeos do Jordan Peterson que às vezes eu assistia/ouvia. Parte da minha inspiração pra primeira poesia que fiz esse ano veio dessas coisas.
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