Viagem e Chegada
Viagem um pouco cansativa, mas sem muitos contratempos sérios. Cheguei em Paris por volta das 6 da manhã (acho). Minha conexão para Marseille partia perto das 8 da manhã. O detalhe é que o processo de imigração é feito em Paris. Acabei ficando mais de 2 horas na fila, o que me fez perder o vôo. O próximo vôo para Marseille era no meio da tarde, e atrasou um pouco. Então, ao invés de chegar de manhã, cheguei no fim da tarde. Maaaas, minhas malas não foram extraviadas! \o/
Chegando em Marseille, mais umas tretas pra conseguir fazer o uber funcionar, mas eventualmente consegui chamar um uber. O motorista era um cara originalmente da Argélia (que, portanto, falava inglês \o/), muito simpático, que contou sobre um tanto de coisas em Marseille, a cultura, o clima, as pessoas, a comida, e provalmente mais um monte de coisas que eu não lembro, porque eu tava retardada de cansada.
Airbnb

No momento, estou alugando um quarto em um airbnb que fica em um apartamento em um pequeno complexo de prédios (e na luta pra achar um lugar mais permanente...burocracias 😖). Mas é um pouco confuso de achar quando você tem apenas o endereço (pelo menos pra mim, que pra perdida teria que melhorar muito). Enfim, já tinha entrado em contato com a dona do apartamento e, depois de perambular um pouco pelas redondesas do endereço, ela me achou. Muito simpática ela, e fala inglês comigo \o/. Minha experiência aqui tá sendo aquela mistura de tretas que dão errado com sorte de encontrar pessoas legais (o que sinceramente eu acho muito melhor do que o contrário... e, extendendo esse parênteses um pouco mais, ouvindo experiencias de outras pessoas pela vida, sinto que eu tenho muita sorte em relação a encontrar pessoas legais pelos lugares que eu vou). Ok, depois que ela me mostrou as coisas no apartamento, saí pra comprar algo no supermercado. Eu nunca vou entender a confiança com que eu saio dos lugares que não conheço direito e que precisarei voltar, me conhecendo, sem super tentar prestar atenção em tudo. Eu só questiono essa confiança quando preciso voltar ¬¬. Lugares em que o gps não pode ser usado, ou que não é muito preciso, são o meu pesadelo na terra. Então, pra o que não deveria ser minha surpresa, não lembrava qual dos prédios, do complexo de prédios, era o prédio correto. Pra melhorar, a sacola das compras já estava rasgada, por que obviamente eu precisei levar um tombo pelo caminho e derrubar tudo (!) wtf. Nesse ponto eu já tava achando tudo muito engraçado. Sabe aquele momento que você só quer sentar no meio do nada, rir da situação e depois dormir ali mesmo (acho que é posição fetal que chama) 😅. Enfim, entrei no prédio errado (por que tinha gente entrando, e eles abriram pra mim), e fiquei andando pelos andares, tentando achar o apartamento. O detalhe é os prédios aqui do complexo não têm elevador ou números. E sim, eu não consegui lembrar qual era o apartamento. Felizmente são 2 por andar, mas eu não lembrava de qual dos lados o apartamento fica. Bom, em algum momento eu cheguei a conclusão de que não era naquele prédio. Fui pro outro, que era próximo e bem parecido. Testei a chave em muitas portas, inclusive na certa. O detalhe é que as portas aqui são meio complicadas (ainda tenho apanhado bastante pra portas toda vez que encontro uma porta que não aprendi a usar a ainda haha). Felizmente a dona do apê tava em casa, e acabou abrindo pra mim.
A propósito, exemplificando a coisa de ter sorte de encontrar pessoas legais, no sábado à noite do primeiro final de semana aqui, a dona do apê me convidou para jantar e jogar cartas com ela e 2 casais de amigos. "Aprendi" a jogar um jogo bem comum aqui na França que chama Tarot. Ainda não entendi todas as regras, mas joguei mesmo assim XD. Povo muito simpático!
Universidade
Dia seguinte da minha chegada, era dia de reunião com a minha supervisora e com o grupo. Já conhecia minha supervisora da época em que ela foi fazer estágio de pós-graduação com meu orientador, no Brasil, quando eu tava na pós-graduação também. Foi uma das razões por que escolhi Marseille (e o clima, custo-de-vida, etc). Estou em um airbnb que fica há uns 20 minutos, andando, da universidade. A ida até a universidade foi tranquila (gps \o/), e deu pra perceber que, pelo menos nessa parte da cidade, tem muita vegetação, cheiro de flores pela rua, vibe gostozinha (fora de horários de pico, que é quando o trânsito lembra um pouco o trânsito no Brasil haha). O pessoal na universidade também é simpático e receptivo. O grupo é uma mistura de pessoas de diferentes nacionalidades com diferentes backgrounds acadêmicos, já que a pesquisa ali no instituto em que eu estou é bem voltada pra biologia e involve bastante interdisciplinaridade. Isso, na verdade, torna as reuniões de grupo mais interessantes, por que você acaba tendo a oportunidade de ouvir sobre coisas que você não conhece. Cada semana é a vez de alguém fazer uma espécie de seminário (bem informal). Semana que vem serei eu.
Obviamente, ainda me perco um pouco dentro da universidade. Na sexta passada, fiquei tanto tempo tentando achar o prédio certo, que acabei assistindo uns seminários numa sala de conferência em que parei na frente XD. Acabei descobrindo depois, que era o prédio certo, só que era um outro extremo do prédio, que eu não conhecia.
Sobre as refeições, a universidade tem uma cantina, que é um restaurante com uma quantidade bem grande de opções de coisas, incluindo opções vegetarianas. Além disso, as comidas estão sempre variando, o que é ótimo. As refeições tem um valor base (que varia, dependendo qual a sua relação com a universidade e, provavelmente, quanto você ganha, para quem é pago pra fazer pesquisa), e aumentam um pouco dependo de coisas extras que você pega (ainda não é muito claro pra mim como funciona). Você deixa pago o valor que você quiser, e vai descontando, a cada refeição. Interessante é que o cartão que a gente usa pra isso, é o mesmo cartão que usamos pra abrir os portões e portas na universidade. Outra coisa que achei interessante, é que pós-doutorado aqui é considerado emprego, com os mesmos direitos (eu sou paga pelo Brasil, então não tô incluída nisso), e o salário não é o mesmo pra todo mundo. Quanto mais tempo de experiência, maior o salário. Nessa hora fiquei triste, por que poderia tá ganhando mais se fosse assim no Brasil.
Visão Geral Divagações
Minhas percepção geral da cidade, até agora, é que ela tem várias similaridades com o Brasil. O clima de inverno é parecido com o de Porto Alegre. Pouca gente fala inglês, mas eles não são chatos com isso, rola uma tentativa real de comunição. No meu nível atual de francês, eu consigo entender, até certo ponto, se não for muito rápido (mas tem muita expressão que eu não conheço, e palavras com muitas letras não pronunciadas, o que dificulta). Já falar, é aquelas arranhadas de doer. Mas as pessoas aqui são receptivas e amigáveis (pelo menos as que eu interagi). Inclusive, um dos atendentes de uma companhia telefônica, que falava inglês, foi comigo até a tabacaria do lado da loja pra me ajudar a resolver o problema com um chip de celular que tinha comprado (em outra tabacaria) e não funcionava. Me senti muito no Brasil (principalmente na Bahia, em que tive esse tipo de experiência de gente desconhecida ser super prestativa). Mais outras duas similaridades com a Bahia é o coentro na comida (da cantina) e uma região aqui na cidade que chama Prado (que inclui algumas praias). Outra questão é que as pessoas aqui não são tão estritas com regras. Cheguei a ver até moto usando a calçada pra ultrapassar XD. Além disso, aqui pedestres também atravessam no sinal vermelho pra pedestres.
Acho que o desafio maior, por enquanto, tá sendo entender e ir atrás de detalhes burocrátivos que preciso resolver aqui, desde conseguir um número (que foi o primeiro), conseguir o máximo de documentos que aumentem a chance de me deixarem alugar algum lugar (garantia do governo, que chama Garantie Visale, que funciona como uma espécie de fiador, por exemplo). Montar um dossiê, etc. Outra coisa é que é necessário abrir uma conta em banco francês por que tem muita coisa aqui que aparentemente só pode ser feita com conta francesa. Mas pra abrir essa conta, é necessário ter um número de telefone e um endereço. Só que pra ter uma linha fixa de telefone, que é a única opção oferecida pelas companias de telefone (os pré-pagos são temporários e vendidos apenas em tabacarias) você precisa de uma conta de banco francesa. Isso e mais a experiência de tá me adaptando a tomar remédio pra tdah no ambiente de trabalho é o que tem sido mais chatinho. Chega no fim dia, quando o efeito do remédio começa a passar, o cérebro às vezes dá uma bugadinha, quando o dia exigiu muita concentração. Às vezes bate uma exaustão social. A ironia disso, é que exaustão social me faz sentir sozinha. Isso não faz muito sentido, pra mim. Talvez seja sensação de isolamento ou algo assim. Sei lá, acho que parte de mim quer se isolar um pouco, pra recarregar, mas isolamento me faz sentir sozinha. O lado bom é que eu me conheço nesse estado (mesmo sem remédio, cansaço e certas condições tem esse efeito). Tudo parte dos ciclos do corpo, e tá tudo bem. Amanhã é um outro dia e dormir é o famoso "tentou desligar e ligar de novo?".
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