And I couldn’t even dare Allow myself to feel scared.
I guess because I really care I don’t think I would be spared Of a feeling of despair. Is there anyone out there?
Should I be leaving on a boat? Despite wanting to voice a note, I feel a hand right in my throat, That one I thought was now remote
But I don’t think this is the same. This time it came from my own hand. The only thing I can now claim
Is that I am the one to blame.
Although today I feel just pain, Even a little bit insane, And it’s too late to feel ashamed, I swear I won’t forget my name.
I just miss the sparrows singing, All the colors and daydreaming, That they were always bringing. But they were already leaving, Even after I've started believing, That all I needed was that feeling.
And now I’m left wondering why... I don’t regret it, wanna still try To spread my wings and take a flight, To feel the wind and reach the sky.
Please tell me it wouldn’t be a lie To say that even a butterfly, Traveling across the currents of time, Could find a way to go that high.
Did I become too defenseless? Didn't want to be too relentless. Even wrote a poem called “Endless”. I kept going on and on, writing sentences. But now they feel a bit senseless...
I also think I should be grateful That I felt things that made me playful. Don’t wanna ruin it being hateful. It would be wasteful, even disgraceful.
Now I’m feeling a bit more glad, Despite also being sad. Although sometimes I feel a dread, And not much should be said, Maybe it wasn’t all that bad, My creations were well-fed.
I wanna write what's in my head, But should avoid being too direct. Don’t wanna fall into a trap For posting things on the internet.
Although this looks like a mess, It’s just me trying to process. Not knowing can make me stressed. Not proud of that, I should confess.
While the dark still makes me scared, I love the night, the moonlight’s flares. There's nothing else to be compared. It brings a feeling that is rare...
Depois de muitos anos sem escrever poesias, finalmente consegui me desbloquear um pouco e escrever umas duas. A primeira, que já tinha começado a escrever há um tempo, consegui terminar depois de escrever o post anterior. Ela envolve aspectos específicos e particulares demais, e postar ela aqui seria uma exposição desnecessária, mesmo que a privacidade, hoje em dia, seja uma ilusão, e o número de leitores do meu blog tenda a zero fugiria um tanto do objetivo do blog.
A poesia que quero postar aqui, foi a segunda que escrevi. Superficialmente falando, a motivação veio de uma série de reflexões que tenho feito atualmente (alimentadas também por discussões de podcasts em psicologia e neurociência que já assisti). Estou em uma fase de muitas mudanças, que envolvem diferentes aspectos da vida (incluindo a possibilidade de fazer pós-doc na França por alguns meses). Essas reflexões foram reforçadas por conversas com pessoas próximas que também estão passando por esses turbilhões de mudanças, dessas que chegam sem avisar. Quando essas coisas acontecem, muitas vezes ficamos "sem chão". A sensação de ter que começar tudo de novo, quando você achava que estava com a vida resolvida, pode te desnortear. Essa poesia é uma tentativa de encarar esses processos de mudança, que envolvem muitos aspectos novos e desconhecidos, com um olhar otimista.
A permanência, nessa vida curtíssima que vivemos, é uma ilusão. Mas a lente que você usa para observar a paisagem, ao longo dessa jornada que é a vida, faz bastante diferença. Acho que a curiosidade é uma das melhores lentes que você pode usar em um conjunto absurdo de contextos: situações novas ou que envolvem conflitos, contato com opiniões diferentes, etc... basicamente coisas que envolvem o desconhecido, nem que ele esteja apenas na forma de encarar as coisas. Gosto de pensar nessa lente mais como um exercício voluntário, cujo esforço depende de quanta energia você tem disponível no momento, do que um talento ou uma obrigação.
Aproveito e deixo (no final do post) uma música que acho que tem tudo a ver com a poesia.
O Desconhecido e a Curiosidade
A confusão, que se banha com o Cinismo? O frio na barriga, que brota da mudança?
"And now, for something completely different..." (maybe not that different)
E como se não tivessem se passado 6 anos desde a minha última postagem, ressurjo das cinzas (diferente da popularidade dos blogs) pra postar algo um pouco diferente dos temas usuais.
Já não sou a mesma pessoa daquela de 6 anos atrás, o que na verdade é uma motivação a mais para voltar a escrever e a explicação do porquê disso entra também no assunto dessa postagem.
Vamos primeiro ao óbvio. Nossas criações, sejam elas textos de blog, poesias, pinturas, músicas, etc, refletem partes nossas: modos de pensar, gostos, instintos, reflexões, e tudo o mais que couber dentro dessa subcaixinha de surpresas que não obedece à geometria euclidiana (maior por dentro do que por fora), que é a nossa mente. Algumas dessas coisas são conscientes. Sim, provavelmente só algumas mesmo. Maaaas, mesmo que a gente foque apenas nessa partes, aqui a gente já consegue observar nossas criações sob uma perspectiva de autoconhecimento. Por exemplo, como elas foram mudando (ou não) ao longo do tempo e o que gerou as mudanças. O que foi adicionado e o que foi perdido. Como os interesses, necessidades de expressão, influências de ambientes e pessoas foram mudando e alterando as criações. E com isso em mente, acho que agora podemos focar especificamente na arte e nas partes menos conscientes dos processos de criação.
falando sobre arte, essa é a minha aquarela
preferida, feita a partir de um tutorial, mas que
depois passei a considerar como uma boa
descrição de como gosto de enxergar o mundo.
Como comentei, o processo de criação permite colocar pra fora partes conscientes de nós mesmos. Mas essas partes funcionam como burros de carga "multidimensionais" que transportam uma infinidade de partes menos conscientes (provavelmente dentro de um espectro que vai do subconsciente pro inconsciente). Podemos entrar então no próximo ponto envolvendo autoconhecimento: retroalimentação. Refletir sobre nossas criações às vezes nos permite descobrir coisas sobre nós mesmos. Perceber isso de uma forma mais consciente e explícita me permitiu passar a usar esses processos também como ferramentas pra entender e organizar o que acontece dentro da minha cabeça.
Mas obviamente a beleza da arte e dos processos de autoconhecimento vai muito além disso. As artes que eu chamo de "poéticas" (aquelas que conseguem abraçar um universo de coisas de maneira significativa sem ser excessivamente vagas) permitem que pessoas diferentes, em contextos diferentes, se conectem de formas diferentes à arte de outras pessoas. Isso é verdade para qualquer tipo de arte, acho. Mas aqui quero focar nas artes "poéticas" (que podem incluir artes visuais), que são o meu tipo preferido de arte. Assim como as nossas próprias criações, a nossa conexão com as artes poéticas de outras pessoas nos permite colocar pra fora coisas internas, e com isso potencialmente entender melhor essas coisas. A música é provavelmente o exemplo mais universal. Eu acho lindo como uma música bem feita consegue conectar pessoas com histórias de vida totalmente diferentes, passando por situações diferentes. Pessoalmente, acho que a música é extremamente útil para extravasar emoções que às vezes não entendemos direito. Provavelmente por isso sou bem eclética. Diferentes músicas têm diferentes mensagens que vão muito além das letras. Essas mensagens têm a capacidade de se alinhar com as nossas emoções. Se você adora música e tem sensibilidade a esse alinhamento, esse processo permite entender emoções que às vezes não são muito claras. Claro, esse processo também pode reforçar emoções negativas, já que envolve retroalimentação (uma espécie de processo de "ressonância", quem sabe?).
Outro exemplo de arte poética é, obviamente, a poesia. Amo como as poesias permitem expressar muitas coisas diferentes, não necessariamente conectadas, em poucas frases. Talvez por causa disso, uma mesma poesia pode continuar ressoando com a gente ao longo do tempo, por razões diferentes.
Termino esse post com a única das minhas poesias que não perdi (por ter postado ela no blog). Quem sabe assim eu me motivo a voltar a escrever poesia. Apesar de muito simples, essa poesia sempre ressoou de alguma forma comigo. Na época em que escrevi ela, eu estava refletindo sobre um monte de coisas diferentes, incluindo decisões em geral, medo de mudanças, desapego de certezas, arrependimentos, obstinação, inevitabildade de sofrimentos, otimismo frente a mudanças, e como pequenas diferenças nas nossas escolhas podem nos levar pra lados totalmente diferentes (a borboleta é, em parte, uma menção ao efeito borboleta). Apesar desse poema nunca ter deixado de ressoar comigo, até pelas questões envolvidas nele, a forma como entendo ele em diferentes épocas não é exatamente a mesma. Uma série de coisas foram se modificando conforme fui atravessando por diferentes experiências. E as experiências foram se encaixando nele de maneiras diferentes. É a beleza das artes poéticas e dos processos de retroalimentação das nossas criações...
Se eu pudesse...
E se eu pudesse encontrar todas as causas e razões, continuaria a buscar desmancharia as ilusões.
E se eu pudesse descobrir por que corremos sem pensar e nem paramos pra ouvir e desviamos o olhar.
Desaprendemos a escutar, já não sabemos refletir no que nos faz caminhar, já não podemos sentir.
E se eu pudesse aprender o que faria a diferença, qual o ramo percorrer, eu mudaria a sentença?
O tempo voa como o vento, à noite vem o temporal, trazendo grande tormento à borboleta e ao pardal.
O vôo traz a ventania, o dia surge no final, trazendo junto a harmonia, levando embora o vendaval.
O que sabia não mais sabe se o que se sabe se sabia, sabendo que não soube saber se saberia
que o vento a soprar sempre continuaria e o que estivesse a chegar apenas surpreenderia.
E se eu pudesse caminhar, a pé eu andaria, procuraria não pisar em quem já era, e foi um dia.
E se eu apenas pudesse... encontraria o lugar e a maneira eu buscaria fazendo o vento regressar ao futuro eu retornaria....